Monday, October 22, 2007


Ele está lá sim



Embora o diretor Todd Haynes tenha chamado seu filme sobre Bob Dylan de I'm Not There, eu tenho certeza de que ele está lá sim. Não há dúvidas.

Ontem, depois da sessão exibida pela 31a Mostra de Cinema de São Paulo, fiquei um bom tempo pensando se havia gostado do filme ou não, ou se eu era a única que estava com um ponto de interrogação vermelho na testa. Sim, porque imediatamente ao término do filme, mais de uma dúzia de empolgados aplaudiam, enquanto eu simplesmente não conseguia formular uma opinião tão rapidamente. Mas isso pode ser a cor do cabelo também!

O fato é que, através de diversos atores (Cate Blanchett, Christian Bale, Heath Ledger, Richard Gere, entre outros) vivendo fases distintas da vida de Bob Dylan, o diretor contou um pouco da trajetória do cantor folk (que segundo o próprio, o estilo não era folk), misturando histórias verdadeiras e outras que talvez nem tenham acontecido e diálogos descontínuos (para não dizer malucos) sobre política, sociedade, música e, claro, o comportamento chato e egocêntrico de Robert Allen Zimmerman. É nisso que ele está lá. Talentoso, auto-didata, contraditório, polêmico, politizado, traidor, está tudo registrado lá.

Não chego a dizer que o filme é genial, como afirma o global Zeca Camargo, mas não posso dizer que não gostei, porque tem cenas lindas, direção de fotografia de arrepiar, além do privilégio da atuação de um grande elenco, muito bem caracterizado e ambientalizado, e ainda, algumas belas canções, muitas até desconhecidas. Pena que o filme ainda não tem data para estrear em circuito aberto no Brasil e o tira-teima vai ter que ficar para depois.

Quem preferir algo mais linear e menos poético, vale a pena ver (se não dormir antes) o documentário de Martin Scorcese, No Direction Home (2005).








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