Friday, July 10, 2009




Já para a sala de aula, ou melhor, de cinema!


Fico feliz em saber que cada vez mais sei ainda menos. Isso porque essa sensação me faz querer sair da minha rotina casa-trabalho-casa, que me torna uma pessoa mais cansada e sem paciência, e me faz ir atrás de aprender mais, tentar entender melhor o que `as vezes passou batido em algum momento e buscar novas (ou velhas) referências. O velho "puxão de orelha" dói de diversas formas e, ainda bem, funciona.

Até agora foram três lançamentos muito bem sucedidos e felizes no roteiro, edição e, principalmente, no resgate de verdadeiros heróis de nossa música: "Wilson Simonal - Ninguém sabe o duro que dei", "Um homem de moral" (sobre o zoólogo e sambista Paulo Vanzolini) e, finalmente, "Loki", para e sobre o precoce e único Arnaldo Baptista.

De diferentes formas, mas em momentos muito próximos da história brasileira, os três longas homenageam, emocionam e incomodam, `a medida que sobrepõem registros antigos, depoimentos e a marca profunda na cabeça e no coração dos brasileiros, tão receptivos a inúmeras possibilidades de combinações e estilos.

E com tanta oferta de qualidade sobre a cultura nacional nas salas de cinema por todo o país, eu só posso acreditar que aqueles que gostam de dizer que "brasileiro é metido mesmo", "não gosta de perder, nem de segundo lugar", "se acha", diz isso pra gerar polêmica (ou mídia) e, no mínimo, sabe de rir de si mesmo, porque lá no fundinho também compartilha e gosta desse sentimento "Brasil-iô-iô".




Wednesday, July 16, 2008


Chega de saudade?


Impossível deixar de ter saudades da Bossa Nova, de Tom Jobim e das parcerias de sucesso como Garota de Ipanema, Desafinado, Chega de Saudade realizadas por gënios como João Gilberto, Vinicius, entre tantos outros nomes que fizeram parte desse movimento musical que levou o Brasil ao mundo. Não, não é da minha época mesmo, mas meu gosto pelo estilo é tanto que transcende esses 50 anos, completados em 2008.

E além de ser o tema dos próximos meses pelo país, enredo de filme, exposição e shows comemorativos, o tema está também entre as mais recentes aquisições da coleção de vinis minha e do André.

"Chega de Saudade" (1959) - o nosso é uma das primeiras edições gravadas em alta fidelidade na época -, é o primeiro álbum desse baiano talentoso (e recentemente pouco simpático) João Gilberto e que promete ser um dos xodós lá de casa.


Ao ouvir canções como "Chega de Saudade", "Desafinado", "Rosa Morena", "Bim Bom", entre outras composições dos anos 30, cantadas bem baixinho ao som do sofisticado violão, é possível entender porque o disco é considerado uma obra-prima e precursor do estilo. Apesar da gravação antiga, o som é limpo, o que evidencia ainda mais os acordes que influenciaram toda uma geração e ainda conseguem emocionar a minha, a nossa.





Monday, June 23, 2008


A banda
"A Banda" (The Band's Visit), uma produção entre Israel, França e EUA, não, não é mais um filme sobre um grupo de rock famoso. Mas ainda pode vir a ser um filme famoso sobre uma banda egípicia que certa vez foi convidada a fazer uma apresentação em Israel. No mínimo, inusitado, não?

Pois é. Este é basicamente o enrendo de um longa muito interessante, sensível e divertido sobre um pouco do que é a relação entre árabes e judeus e suas diferenças, sobre os quais, aliás, conhecemos muito pouco e de forma praticamente apenas estereotipada. Como disse minha amiga Carina, é um "A vida como ela é" no Oriente Médio, com muito mais informação e preocupação em mostrar a diginidade de dois povos tão sofridos (porém, também felizes) e tão incompreendidos por nós, ocidentais.

Ou seja, trata-se de um roteiro simples, sem guerras, mortes, sustos, ação ou grandes reviravoltas, cuja surpresa está na velocidade e leveza com que é tratado o tema muçulmanos x palestinos. Bonito e sutilmente engraçado (não espera duas horas de stand up comedy, por favor), vale o ingresso no HSBC Belas Artes. Veja o trailer.

Monday, June 16, 2008


Para os compulsivos por música


É na Rough Trade que vale a pena gastar os seus muitos reais, transformados em poucos pounds, para consumir música em Londres. Nessa "Nuvem Nove gigante" dá para encontrar muitos cds (lançamentos, novos, usados), vinis (caros), camisetas de bandas e outras cositas más, por preços até muitas vezes melhores que nas megastores. Se der sorte, dá até para pegar uns pocket shows por lá. São quatro lojas espalhadas pela cidade e as melhores estão nos bairros Notting Hill e Bricklane.


Todos os olhos para Joy Division

Faz sentido a estratégia mercadológica da banda New Order e da viúva de Ian Curtis, Deborah Curtis, de lançar na mesma temporada dois filmes sobre a tragetória da banda pós-punk que nasceu em Manchester, até o suicídio de seu vocalista e, até então, letrista. Não só financeiramente, mas conceitualmente também.

Por apresentarem duas versões diferentes para os fatos que marcaram o início da banda - que inventou uma nova fórmula pro rock para uma geração que mal poderia esperar mais revolução musical depois de Iggy Pop, Velvet Underground, David Bowie, Ramones, The Clash e Television - os fãs são totalmente levados a assistir "Control" e "Joy Division".

E nessa ordem funciona melhor. O primeiro é uma ficção baseada na interpretação de Deborah, que se casou com Curtis, o acompanhou desde o início da banda e até mesmo permitiu que Ian penhorasse os móveis da casa para a gravação do primeiro disco "Unknown Pleasures". Através do filme dirigido pelo fotógrafo que fez as imagens mais famosas do grupo, Anton Corbjin,´é possível entender a seqüência dos fatos e o que foi cada pessoa naquele momento.

Já o segundo, é um documentário coordenado por Bernard Sumner e Peter Hook, composto de entrevistas com empresários, amigos e a própria Deborah, além de gravações e uma explicação sobre o que significou o Joy Division para a Manchester pós-guerra.

Um não vive sem o outro e, por isso, os grandes fãs dessa banda ducaralho devem assistir os dois. Vale também para entender mais sobre os rumos que a música tomou depois do New Order.

Wednesday, March 05, 2008

Love Depeche Mode

Essa é para quem gosta de boa propaganda, mas mais ainda de boa música. Como diriam meus amigos publicitários, vai direto ao acting do produto! rs!
Enjoy The Silence, pelos olhos da Sony-Ericsson. Dica do André!

Thursday, February 28, 2008

Muito mais que cinco sentidos






Está certo que sou uma pessoa bem sensível e que não é preciso muito para me fazer chorar. Mas na última semana, o filme "Into The Wild" (aqui no Brasil, "Na Natureza Selvagem") ultrapassou qualquer limite e superou até momentos tristes de minha vida. Instantes depois da sessão encerrar, ainda estava eu lá derramando lágrimas e pagando mico no meio de todos os que deixavam a sala de projeção.

Algum dia 28 atrás, eu havia postado a notícia sobre o lançamento tanto do filme - estupidamente dirigido por Sean Penn e honestamente interpretado por Emile Hirsch (Alpha Dog) - como também da trilha sonora arrepiante, composta e cantada por Eddie Vedder.

Porém, mais que provocar o choro com suas cenas tristes, bonitas e duras, Sean Penn conseguiu provocar um embrião para uma discussão cada vez mais pertinente à nossa realidade atual. Durante todo o filme, procura-se explicar e justificar as razões que levaram Christopher McCandless a abandonar tudo e passar parte de sua vida longe das pessoas queridas, de uma vida social e totalmente desapegado às questões materiais.

No entanto, em nenhum momento aponta-se este como o caminho melhor ou certo para encontrar a verdadeira felicidade. Pelo contrário. O final do filme sugere que aquele não era um momento para ser eterno e que ser feliz sozinho não tem praticamente valor algum. Reflexão bem adequada à nossa sociedade mais individualista e menos solidária, governos e instituições que atuam para benefício próprio, empresários praticamente sanguinários e pessoas cada vez mais vazias e superficiais.








Monday, January 28, 2008


Pinacoteca do Estado


Sempre que com tempo, vale a pena passar por ali e, ao mesmo tempo, contemplar o lindo prédio da Pinacoteca do Estado e seus Brecherets, a imponente Estação da Luz e o agradável Parque da Luz. Até o dia 30 (quarta-feira) pode ser conferida a bela exposição de fotos "Vão das Almas", de Renan Cepeda; até 16 de março estará lá a mostra "Tarsila Viajante", com as principais obras da querida artista brasileira; e também a "Coleção Brasiliana", com importantes obras do século XIX, que foram doadas ao acervo da Pinacoteca, até Outubro deste ano. Além, é claro de muitas outras e o próprio acervo, que é de babar.
Vale o ingresso


Não sei se eu fui uma criança muito infantil (desculpem a redudância necessária) ou as de hoje são infinitamente mais espertas e descoladas que as da minha geração. Pare, pense, lembre e veja se concorda.

É o que tenho reparado freqüentemente, ouvindo ou presenciando histórias dos filhos de amigos e colegas de trabalho. Tem sempre alguém contando alguma bizarrice ou "adultice" de uma criança "sem idade para isso ou aquilo".

E é exatamente esse aspecto que me chamou atenção em "Juno", lançamento de Jason Reitman, nos cinemas desde o último fim de semana. Sensível, gracioso e bem produzido, o filme conta a história de uma adolescente surpreendida por uma gravidez sequer imaginada, muito menos planejada, e sua decisão madura (e bem inusitada) para o tal problema.

Aos 16 anos, a fofa e esperta personagem Juno (Ellen Page, de "X-Man: O Confronto"), só pensava em rock, amigos e um pouquinho de sacanagem, como todo teen. Até que uma bobeada com o seu amigo, depois namorado, resulta numa gravidez praticamente impossível de ser aceita. Até aí, nada muito diferente das histórias que conhecemos na vida real.

Mas o que diferencia Juno das meninas despreparadas e desinformadas de sua idade foi a decisão de ter o bebê e oferecê-lo a um casal que não conseguia ter filhos. Apesar de estranha, a escolha dela deveria ser a mesma de outras garotas que não querem ter filhos ou não podem criá-los e acabam abortando e - até pior - abandonando ou maltratando os indefesos pequeninos.

Não acho difícil que outras garotas na mesma situação tentem fazer o que o filme propõe, mas estou certa de que a educação e religião puritana que nos cerceiam não aprovariam um ato tão chocante. Consideram mais digno ver garotas em clínicas clandestinas e bebês deixados em sarjetas e lixeiras para que, com sorte, sejam encontrados por boas almas.

Paulie Bleeker (Michael Cera, de "Confissões de Uma Mente Perigosa") é o (ir)responsável pelo acidente e é mantido longe de todas as decisões tomadas por Juno, uma forma talvez um pouco injusta de mostrar a imaturidade e o despreparo dos homens para situações complexas como a contada. Mas meigo, apaixonado e um tanto nerds, Bleeker tenta apoiá-la (mesmo que pouco convincente).

O diretor Jason Reitman ("Obrigado por Fumar") arrebenta mais uma vez, agora com um assunto delicado, tratado de forma tão desmitificada para uma geração que não deve (ou não deveria) ser mais como a de nossos avós. Vendo o filme, é possível perceber o cuidado dele com o tema, com o texto inteligente e divertido, com cada ator que escolheu e com a trilha sonora também. Um filme de quem gosta de (e sabe) contar histórias e para quem aprecia assistí-las.