Friday, December 22, 2006

Fim de ano corrido, mais uma vez e, por isso, tive muito pouco tempo para me dedicar a este espaço que criei recentemente para depositar os meus textos, afinal, esta é uma prática da qual eu gosto muito. Para os amigos que estão passando por aqui, vai a minha mensagem que encerra este 2006 de muita reflexão, aprendizado e a promessa de muito mais pulguinhas atrás da orelha botando a caixola para funcionar.

Aos que há muito tempo não vejo e aqueles que estão por perto de vez em quando; aos que moram longe e que poucas oportunidades temos de nos ver; aos bem próximos, quase colados; aos bem chegados, muito íntimos; aos queridos, pentelhos, engraçados, tímidos, companheiros, desligados, grudentos, carinhosos, folgados, impacientes, felizes, briguentos, confusos, quebrados, individados, ricos, casados, solteiros, bem-empregados e sem-emprego, preguiçosos, ansiosos e estressados, a todos, o mesmo desejo meu de ver cada um ainda mais feliz, realizado, satisfeito, cheio de saúde, de grandes oportunidades e em paz. Sempre.

Muito descanso a quem fica,
sol e lençol geladinho a quem viaja.
Bom Natal e um ano novo ainda melhor.


Merry Christmas / I don't wanna fight tonight!

Wednesday, December 13, 2006

Estou lendo...

Reações Psicóticas, Lester Bangs, 2005

O jornalista americano e crítico de rock, que passou por grandes publicações do gênero, como Rolling Stone e Creem, conhecido por sua boca suja e frases malditas, teve alguns de seus melhores artigos compilados num livro bom, enxuto e divertido. Explicarei.

Em 130 pequenas páginas, é possível conhecer um pouco do estilo ousado e até mesmo bizarro deste, que é considerado um dos maiores críticos do rock de todos os tempos. Seu jornalismo gonzo supera o próprio pioneiro Hunter S. Thompson, na arte de usar a excentricidade e a opinião pessoal para descrever as mais diversas experiências vividas. Das mais simples, como ouvir um disco ou apreciar um show, até mesmo as mais improváveis, como ir para o Vietnã com o intuito de discutir música com o governante daquele país.

E mais, no livro ganha-se um presente: a descrição mais brilhante e perfeita de Iggy Pop e seu trabalho. É algo tão rico em detalhes, comparações e adjetivos que ganharia mais que um único capítulo. Senti isso porque tive a oportunidade de assistir ao histórico show dos Stooges no Festival Claro que É Rock, em dezembro do ano passado, e não descreveria o show de outra forma.

Outra passagem muito preciosa é a reprodução de uma entrevista com Lou Reed em que ambos se atacam, discutem sobre David Bowie, drogas e música. Imperdível!

Há momentos em que se concorda e ri de tudo o que ele diz e outros, em que dá vontade de rasgar o livro. Mas a indiferença é algo que este livro não provoca. Vale a pena ler e deixar a pulguinha ficar ali coçando.

Friday, December 08, 2006

Precisa-se de campainha para celular


Se eu fosse o James Brown ficaria incomodado (para não dizer enfurecido) em ver a minha música virar toque de celular de milhares de pessoas por todo o mundo.

Realmente, no começo, é tudo muito legal! Poxa, com tanta tecnologia é possível baixar músicas através de algum site (alguns muito solidários, por sinal) ou então, “emprestar” do iTunes do vizinho, editar, disponibilizar de diversas formas o som que eu mais gosto - ou gostava – no meu celular moderno e ouvi-lo todas as vezes em que alguém me ligar. Todas. Todinhas. Tá bom, dá pra ser só em algumas, mas eu não consegui essa proeza.

O fato é que eu caí na tentação de utilizar uma música do meu agrado como toque para as chamadas recebidas pelo meu telefone móvel e, agora, estou a ponto de atirá-lo contra um muro de concreto todas as vezes que ele toca: “Uhaaaaaaaaaaa, I feel good!”. Não só eu, é claro, como todas as outras pessoas que trabalham próximas a mim.

E desde então percebo o quanto esta mesma tecnologia que nos permite transformar toda a nossa prateleira de CDs em pequenos arquivos - transportáveis em qualquer quantidade e para qualquer lugar do mundo - pode ser danosa. Basta acompanhar o raciocínio: imagine a mesma música tocando, no mínimo 10 vezes por dia (no meu caso, pelo menos), sempre quando alguém quer falar com você, sejam os amigos, seja a família preocupada, ou o chefe cobrando o algo, ou então o banco avisando que o seu cheque especial foi pelos ares, ou ainda, aquela pessoa que você não quer atender de forma alguma, te ligando incessantemente, às vezes nos horários mais inconvenientes.

Isso sem contar que a música só é legal e bem-vinda quando a ligação é de alguém querido e, principalmente, quando você não está surtando de tanto trabalho e não há nenhum chato tentando falar com você. Nesses dois casos a música fica tão chata quanto.

E hoje, com tantas possibilidades tecnológicas à disposição de mentes cada vez mais brilhantes, tornou-se impossível controlar a propagação não só da música, como de qualquer outro tipo de mensagem, como clipes, músicas, filmes e até produções caseiras.

Porém, não cabe aqui uma discussão muito extensa e tão pouco criar uma polêmica para o assunto em questão. É conversa para boteco, roda de amigos, porque ninguém aqui acha ruim toda essa acelerada modernidade. Além do que seria muito pretensioso querer discutir a postura das operadoras de celulares, pois nem elas, nem gravadoras, nem músicos estão preparados para apontar o que deve ser proibido e o que deve ser permitido. Estão todos a favor da evolução dos meios, de atrair consumidores e aumentar seus lucros e de experimentar o sabor de ser cada vez mais diferente dos demais, até mesmo no toque do seu celular.

Aliás, é até normal cansar-se de alguma coisa de que se gosta muito. Afinal, quantas vezes você já não ouviu aquela música daquele disco daquela sua banda preferida e, depois de tanto ouvir, passou no mínimo seis meses sem sequer tocar no pobre CD? Ou então, quantas vezes você não foi um dos primeiros a descobrir finalmente um som novo e ousado que depois caiu no gosto popular, tocou em todas as rádios e foi TOP 10 na MTV durante umas três semanas?

Caro mestre James Brown, é claro que você continuará sendo uma das melhores coisas que já ouvi, mas infelizmente, para seu próprio bem, terei que ficar longe de você algum tempo.

Amigos, aceito ringtones e toques polifônicos comuns, que imitem no máximo o despertador do meu quarto!

Tuesday, December 05, 2006

Bancando a crítica*

Gostei muito de um filme que assisti nesta semana e queria dividir com quem gosta de filminho com pipoca como eu.

Observem, gosto. Sou uma admiradora, não necessariamente – alías, bem longe – de ser uma excelente entendedora. E por isso, hoje vou bancar ua de crítica, falando bem simples, para quem também não está muito preocupado com o que o Rubens Ewald Filho achou do filme.

“Obrigada por fumar”, Thank you for smoking, do Diretor Jason Reitman, foi o filme que me trouxe aqui. Descontraído, mostra em seus 92 minutos o dia-a-dia de um profissional que prática a arte (para mim é) do lobby.

Aaron Eckhart (O Pagamento e Um Domingo Qualquer) é Nick Naylor, o principal porta-voz de uma associação formada por grandes fabricantes de tabaco, que faz de tudo para defender a comercialização de cigarros. Apesar da causa polêmica, ele utiliza vários e inteligentes recursos para evitar que vigilantes da saúde consigam prejudicar as vendas do produto. Tudo isso, ao mesmo em que estimula seu filho a fazer reflexões sobre ética e valores morais.

Não chega a existir uma discussão sobre o que é certo ou errado sobre o tema proposto, pois o personagem não sofre deste conflito. Ele sabe muito bem qual deve ser o seu papel e, por mais que possa haver alguma contradição entre o que ele faz e pensa para a sua vida, Eckhart justifica sua atuação como a única forma que encontrou para pagar suas contas. Ele chega a se comparar com outros nomes da sociedade conhecidos pela precisão com que executam suas atividades (“Jordan plays basket. Manson kills people. I speak.”).

Mas o que definitivamente conquistou minha atenção foi a aula de estratégia que tive durante a sessão de cinema. Não sobrou saudade dos tempos em que eu achava que aprendia alguma coisa na faculdade. É o profissional de comunicação em sua melhor forma, otimizando todas as ferramentas a seu favor. Convencendo a sociedade (excelente!), negociando com grandes chefões da indústria do tabaco e donos de hollywood, depondo na justiça e driblando repórteres espertinhos (eu e todos os assessores de imprensa adoramos!), ele mostra como é possível reverter o jogo quando só se espera o pior fim para ele. E que um pouquinho de malandragem não faz tão mal assim.

Eu, que O-D-E-I-O cigarro, quase saí de lá fumando.

*Obs: Este blog é meu então eu tenho todo o direito de colocar um texto de setembro de 2006 :P. Também foi publicado no www.churrascogrego.com.br .

Não coloque o meu iTunes no divã*

Por favor, não tente me julgar pelo que se pode encontrar no meu iTunes. Digamos que o meu baú de música mp3 é bem eclético (tá bom, pode chamar de confuso) e atemporal.

Isso porque ‘ele’, ao mesmo tempo, agrada e desagrada aos meus amigos e colegas de trabalho (sim, onde eu trabalho, através da rede, podemos compartilhar os iTunes entre a galera que libera, é claro).

Digamos que ‘nele’ tem um pouco de tudo, que vai do rock n’roll ao rock alternativo, até o que de mais alternativo os músicos brasileiros já fizeram, na MINHA opinião, ao embalo do samba que sai do alto do morro. Portanto, se você tentar compreender a minha personalidade através de uma análise do meu gosto musical vai perder o fio da meada.

Por isso, a pretensão aqui é meramente sugerir bons sons aos ouvidos de quem é movido à música e tem sempre um fone coladinho à orelha:

*Tear You Apart – She Wants Revenge/She Wants Revenge: eu não sou a maior fã de novas bandas e demora mais ou menos até o segundo ou terceiro álbum para me convencer a ouvir o som. E foi o que aconteceu. Um amigo meu me mandou essa música em abril e agora esse som não sai do ‘My Top Rated’. É dançante, é Joy Division, Depeche Mode e Placebo num vinil só! Revival moderninho.

*Bom Senso – Tim Maia/Racional Vol 1: pode parecer que eu estou atrasada nessa moda “revival” que toma conta das baladas do eixo Rio-SP, mas não é isso não. Música boa não tem época. Essa, além de boa, é engraçada! Já se imaginou na situação do nosso amigo síndico? Doideira black music.

*Auto Pilot – Queens of The Stone Age/Rated R: É explosivo o encontro entre Joshua Home e Mark Lanegan. Ambos são donos de vozes potentes e refrões ácidos, tudo regado à muitos cigarros e álcool (em algumas músicas é até possível ouvir o acender de fósforos). A sugestão aí é repleta de rifles rasgados e coros de arrepiar. Remanescentes do grunge adulto com pitadas do veneno rock.

*The Great Salt Lake – Band of Horses/Everything All The Time: Quem não gosta de músicas bonitinhas (ou seriam melancólicas)? Sigo a teoria de que alguma vez na vida todo mundo já gostou de R.E.M, ColdPlay, Damien Rice, Ryan Adams e tantos outros... Detalhe, se para você, ser de Seatle significa coisa boa, está dada a dica. Mas lembre-se, nem tudo o que vem de lá é grunge, embora o selo desta banda de dois caras seja o Sub Pop, que lançou Nirvana, Soundgarden e cia. Acabei de descobrir os caras e, me contradizendo, aí está mais uma novidade.

*Mas, que nada – Jorge Ben/Samba Esquema Novo: Após o “disco-gênio”, que para mim é a raridade “A Tábua de Esmeralda”, esse é o mais delicioso álbum que o mestre do gingado já lançou, e essa é a música que inicia a meia-hora do mais puro samba de gafieira. Impossível não querer dançar. Impossível não arrancar um passinho do seu amigo mais mal-humorado.

*Hoje, Amanhã e Depois – Nação Zumbi/Futura: Eu nunca canso de me surpreender com a vibração que provocam todos aqueles tambores e guitarras vindas do mangue. Acho que é o último filho da tropicália, que conseguiu de um modo original misturar ritmos brasileiros e pegada rock, sem ofender os ouvidos e mostrando que Pernambuco vai muito além dos bonecos de Olinda.

*I need peace – Frank Black/Frank Black and The Catholics: Black Francis para os mais íntimos do Pixies, em sua outra banda faz rock de qualidade, sem deixar a veia altenativa de lado. Bem menos rebelde que o Pixies, talvez tenha acompanhado a maturidade do seu público dos anos 80/90.

* Warlocks - Red Hot Chilli Peppers/Stadium Arcadium: Com certeza o RHCP perdeu muito em deixar de lado a sua pulsação “funkmetal”, ao produzir som balada-comercial, que nasceu após o sucesso de “Blood Sugar Sex Magic”, com “One Hot Minute”, “Callifornication” e “By The Way”. Mas este é um dos meus quartetos fantásticos prediletos e acho que Flea e John Frusciante são músicos cada vez melhores.

* Eu sou favela – Bezerra da Silva/Box Bezerra da Silva: Ele foi o bamba, o malandro do samba. Dono de crítica feroz, fazia samba-protesto com coração, sem deixar as dificuldades da vida no morro apagar a sua alegria e o seu ritmo. Vale a pena ouvir, para saber com quantos pandeiros se faz uma reivindicação.

*Down – Pearl Jam/Lost Dogs: Assim como as demais letras da banda, sobrevivente única da onda grunge dos anos 90, esta também não faz muito sentido, porém, tem ritmo e aquele jeito particular que só Eddie Vedder tem para cantar. Ela só está presente no album duplo “Lost Dogs”, assim como tantas outras músicas lado B do quinteto de Seatle.

*Substitute – Ramones/Acid Eaters: Essa versão do The Who na voz de Joey Ramone e sua trupe é simplesmente, ou melhor, completamente perfeita!!! É um clássico no ‘My Top Rated’. Não tem jeito, não dá, não quero, não vou, não gosto... transformou um rock n’roll num punk rock desde criancinha!!



*Obs: este texto é de julho de 2006 e foi publicado pelo site www.churrascogrego.com.br. Como foi meu primeiro texto publicado neste ano, acho que não poderia ficar de fora.