Saturday, April 28, 2007


O Rock’n’roll está de volta.

Esta é a frase que todo crítico de música adora revelar e a faz pelo menos uma vez na vida (mais que isso talvez cause uma sensação de incoerência em quem lê).

Se o verdadeiro rock morreu ou não, ou tenta sobreviver, é uma discussão bem mais filosófica, quase tão polêmica quanto o aborto, a maioridade penal e o milésimo gol do Romário. Por isso, uso a frase-título apenas para homenagear o retorno dos Stooges, em seu novo álbum, após mais de 30 anos longe dos estúdios.

“The Weirdness” reuniu novamente Iggy Pop e os irmãos Scott e Ron Asheton, que produziram excelentes músicas, à altura de todo o grande trabalho desta banda histórica.

É claro que a petulância e a agressividade da banda que, ao lado de Velvet Underground e Andy Wahrol fundou o movimento punk em Nova York, estão presentes em doses bem menores. No entanto, os jovens e os artistas dos dias de hoje já não são tão engajados e corajosos como no final da década de 60 e início de 70. O momento era outro e, portanto, seria injusto esperar e tentar comparar o novo trabalho dos Stooges com os clássicos “The Stooges”, “Fun House” e “Raw Power”.

Aliás, squem teve a oportunidade de conferir a banda em 2005, em sua apresentação no Festival Claro Que É Rock (foto acima), pôde viver uma pequena fração do que foi o autêntico punk.

Mas o importante é deixar claro que “The Weirdness” pode ser deliciosamente curtido em suas 12 faixas, pois tem pique do começo ao fim. Pesado e divertido, como sempre, os patetas conseguiram se reinventar para esta versão século XXI, sem deixar aquela sensação de mais-do-mesmo-caça-níquel-para-a-terceira-idade.

O rock’n’roll ainda vigoroso e estúpido, feito com competência pelos Asheton e pela voz inconfundível e impregnante de Pop, ganhou glamour com a participação do saxofonista Steve Mackay,antigo amigo da banda, em algumas das faixas.

“My idea of fun” é o hit do momento e “Mexican Guy” é a dica da última Rolling Stone brasileira. “Free & Freaky” é minha faixa preferida. “You can’t have friends” poderia estar em qualquer outro disco da banda e “The weirdness” mostra que a imbecilidade de Iggy Pop ainda deve ser respeitada. “I’m fried” encerra o disco gloriosamente e é impossível não ficar satisfeito com tudo o que ouvimos. Dá vontade de apertar o repeat, como há meses não fazia.

Como os bons discos de punk-rock, “The Weirdness” é curto, grosso e ainda nos consegue fazer acreditar nas autênticas jaquetas de couro e calças rasgadas.