Wednesday, March 28, 2007

Minha vida virou filme

A onda de biografias de gente famosa, importante (e até desprezada em outros tempos) da música mundial não pára de crescer. Depois de conferirmos as histórias de Ray Charles e Johnny Cash nas telas grandes nos últimos tempos, já foram anunciados filmes sobre a banda The Who, sobre Ian Curtis e seu Joy Division, sobre James Brown e até sobre o Nirvana, que serão representados por grandes estrelas de Hollywood.
E, agora, tem circulado a informação de que Jack White, alma e música do White Stripes e do Racounters e o queridinho da crítica, viverá nada mais nada menos que Elvis Presley na paródia musical Walk Hard, previsto para ser lançado em 2008.
O filme contará as peripécias de um roqueiro (fictício) que conhecerá grandes artistas durante sua carreira, entre eles, o Rei do rock. Alguém aí tem na ponta da língua o próximo palpite?

Thursday, March 22, 2007


Prêt-à-Porter o quê?

Nestes dias, diante de algumas vitrines de shopping abarrotadas de casacos, cachecóis, veludos e outros ícones do mais rigoroso inverno (que também nunca passou pelo Brasil), fiquei me perguntando: alguém ainda acha que ‘veremos’ o frio neste ano?

Para os felizardos que terão férias ou passarão uma temporada no hemisfério norte, até faz bastante sentido esbarrar em roupas quentinhas, botas enormes e couro. Já eu, vou ficar de olho em quem estiver lançando a nova coleção primavera-verão-ultra-mega-quente, com tecidos fininhos, geladinhos e muito coloridos. Aliás, com essa confusão climática, será que vamos usar branco em julho e marrom ou cinza em dezembro?

E depois de tanto ouvir, ler e falar sobre o assunto que não sai da pauta de todos os principais noticiários do mundo, de todas as discussões das marcas sobre responsabilidade sócio-ambiental e de sentir na pele o calor insuportável que nos tira da cama todos os dias, é impossível negar o aquecimento global.

Para quem não entende absolutamente nada sobre os efeitos do gás carbônico, o derretimento das calotas polares, energia termoelétrica, biocombustível e até gostaria de contribuir positivamente de alguma forma, vale a pena conferir o documentário “Uma Verdade Inconveniente” (já disponível em algumas locadoras), onde são apresentados os estudos climáticos de Al Gore, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, no governo Bill Clinton e ex-futuro presidente, que venceu dois Oscar® neste ano.

Al Gore mostra de forma muito didática o processo de aquecimento global, comparando informações de séculos e décadas sobre a ação do homem na Terra, quais tem sido as mais recentes conseqüências e as catastróficas previsões caso nada seja feito por todos nós a partir de agora.

O documentário nada mais é que a tese que orientou toda a vida política de Al Gore, já revelada aos mais diferentes públicos em todo os cantos do mundo e levada à discussão por ele mesmo ao congresso americano. E, apesar, das excelentes argumentações e teorias muito bem embasadas, perde pelo excesso de interesses políticos por trás da mensagem preocupada.

Por diversas vezes é exaltada a imagem de bom moço do político, como no trecho em que é lembrada a sua infância sempre muito próxima à natureza. E mesmo citando os principais problemas já sentidos em diferentes partes do mundo, em nenhum momento é lembrada a Amazônia, a maior floresta tropical existente até hoje, e nem mesmo a América do Sul. O Brasil é rapidamente citado apenas quando ele aponta alguns lugares atingidos por furacões. Vi aí uma grande falha. Mesmo porque o nosso país é um dos poucos que utiliza a energia hidrelétrica – que polui muitas vezes menos que a utilizada pelos norte-americanos – e porque somos um dos líderes em produção e pesquisas sobre o biocombustível, que já começa a chamar a atenção deles.

Enfim, é um filme de americanos para americanos que, como sempre, pensam unicamente em si e sentem-se o centro do universo. Mas se você fizer como eu e ignorá-los, pode ser uma boa maneira de entender o que acontece quando se toma banho, cozinha, anda de carro, não recicla lixo e etc...

Wednesday, March 14, 2007

Melhor assim

O Chris Cornell, ex-Soundgarden e recém-ex-Audioslave, é ducaralho! Ele merece uma nova banda. Ou melhor, ele merece tocar sozinho mesmo! Ouça "Euphoria Morning", seu primeiro álbum solo (1999).
Eu Também Cansei de Ser Sexy

Não que eu precise concordar com o que dizem todos os críticos, revistas e sites de música (inclusive internacionais) sobre a banda brasileira que está sacudindo os gringos mundo a fora, mas é impossível ficar indiferente a tantos elogios e matérias sobre o assunto. Dizem que toda unanimidade é burra, mas nesse caso, eu duvidei.

Jornais difíceis de agradar, como Folha de São Paulo e O Estado de S. Paulo, sempre que podem, publicam matérias relacionando a banda com os temas música eletrônica, novo fôlego do rock, moda e comportamento e até a Rolling Stone brasileira deu destaque ao Cansei de Ser Sexy em duas ou três de suas edições. Isso sem contar as reconhecidas publicações NME, The New York Times e Observer, que, literalmente, estão ‘pagando um pau’ para os nossos conterrâneos. Bom para nós também.

Para entender melhor o que é e propõe a banda, fui pesquisar. Descobri que, com a cara, coragem e alguns trocados no bolso, o CSS nasceu em 2003, quando os integrantes se uniram e produziram um som novo e totalmente independente. A princípio, as músicas ficavam restritas somente à Internet, o que por outro lado já demonstrava o sangue inovador que corria nas veias do grupo.

A banda, cujo nome foi inspirado numa declaração da musa (eca) pop Beyoncé, que no passado afirmou estar cansada de ser vista como símbolo sexual, é formada por um quinteto feminino e um solitário-santo-homem, responsável pelas pegadas na bateria, enquanto as moçoilas dividem-se nos vocais, teclado, guitarras e baixo.

Hoje, com o verdadeiro primeiro disco produzido pela TramaVirtual e que será relançado pelo atual selo da banda, o Sub Pop - que conduziu importantes bandas do grunge, como o Nirvana -, o grupo praticamente não pára no Brasil, passando a maior parte do ano em turnês pelos Estados Unidos, Europa, Ásia e Oceania, onde são muitíssimo requisitados. Uma das próximas (e mais importantes) paradas do grupo será no Coachella Festival, que todo ano agita o deserto da Califórnia e neste ano será nos dias 27 e 29 de abril. Como de praxe, grandes nomes também estarão presentes, como Björk, Interpol, Jesus and Mary Chain, Red Hot Chili Peppers, Arcade Fire, Tiesto, Sonic Youth, Rage Against the Machine, entre outros. Estão ainda na agenda da banda, outros megafestivais internacionais, como o Glastonbury, Lollapalooza e o Reading Festival.

Combinando composições moderninhas, letras irreverentes, caras e bocas da vocalista Luísa Lovefoxxx, o sexteto agrada pela simpatia, leveza e ritmo que imprimem, principalmente, no palco. Os arranjos não possuem nenhum requinte musical e sua qualidade é um tanto discutível. Mas o que encanta e impregna os ouvidos é o ar despretensioso, de quem não quer se levar muito a sério e que pouco se importa com quem não engole a banda. Com uma mistura de indie, rock de garagem, punk, bases eletrônicas e um punhado de bobagens, a banda consegue produzir um som que se difere principalmente pela atitude.

O hit atual é “Let’s make love and listen to death from above”, mas podem ser listados também “Alala”, “I wanna be your J.Lo” (sim, em homenagem à ídola da banda), “Meeting Paris Hilton”, “Out of Hook” e "Ódio, Ódio, Ódio, Sorry C.".

Segundo o site de notícias G1, Tony Kiewell, um dos responsáveis pelo setor artístico da Sub Pop, diz que a gravadora norte-americana está mais do que satisfeita com a repercussão do disco do Cansei de Ser Sexy, que só gravará um novo depois de encerrar a turnê atual. Lúcio Ribeiro, em seu iGPop, afirma que a banda já vendeu 50 mil cópias do CSS (o 1º álbum) nos Estados Unidos e na Europa.

Depois de levantar todas estas informações, foi possível entender porque a banda é tão queridinha dos críticos, dos descolados e também de gente que realmente entende de música. Só não é fácil compreender porque a banda, que nasceu no cenário ‘cool’ e ‘cult’ paulistano não emplaca em seu próprio país.

Porém, tudo leva a crer que o problema não está apenas no gosto dos fãs brasileiros e, sim, no descaso cultural e nos interesses pessoais dos maiores produtores musicais que dominam o nosso mercado hoje. Com certeza, para eles, é menos trabalhoso e mais rentável descobrir e lançar verdadeiras ‘coisas’ como NXZero, Pitty e Armandinho, que hoje monopolizam as principais rádios e a MTV. Ruim para nós também.
Conclusão final: não podemos tirar o mérito do CSS, que tem a seu favor o carisma e a força de vontade, que já bateu os 5 minutos de fama. No entanto, acho eles ainda precisam ir muito além do primeiro álbum para firmar-se como uma verdadeira e respeitada banda.

Thursday, March 01, 2007

Please, Beck, come back!

Já está mais que na hora dos grandes produtores de shows e festivais brasileiros se movimentarem para trazer o alternativo Beck de volta aos palcos brasileiros. Sua única apresentação aqui aconteceu em janeiro de 2001, na última edição do ‘original’ Rock in Rio.

Motivos não faltam e fica até difícil não ser repetitivo ao falar do trabalho deste ótimo cantor e compositor californiano, que, como todos sabem, se dedica a descobrir sempre novas linguagens e roupagens para a música. Beck está constantemente se reinventando e surpreendendo os fãs (em todo o mundo) com seu estilo mais que moderno, sons inovadores e repletos de referências (inclusive brasileiras), nunca deixando que a força comercial o intimidasse, mesmo quando a crítica desgraçava algum de seus álbuns. Aliás, tal irreverência é o que permitiu a ele tantas experimentações de sucesso.

Seu mais recente disco, “The Information”, lançado no final do ano passado, dividiu as opiniões daqueles que esperavam uma espécie de continuação de “Guero”, seu aclamado antecessor. No ponto de vista de quem aprovou o novo disco, assim como eu (a Rolling Stone americana o elegeu como o 24º melhor álbum de 2006), grande parte das faixas segue a linha de trabalhos mais antigos, como “Midnite Vultures” e “Odelay” (meu preferido), com músicas dançantes e irresistivelmente esquisitas, além daquela voz suave e preguiçosa que deixa os refrões martelando na cabeça por dias a fio, como “Think I’m in Love”, “Cellphone’s Dead” ou “Nausea”. Já algumas delas deixam quem está ouvindo ficar meio perdido (a pior tem mais de 10 minutos), mas não chega a desagradar.

Em entrevista à Wired de outubro, edição da qual também foi capa, Beck falou um pouco de como a tecnologia digital ainda irá revolucionar o mercado fonográfico e o que ele tem feito neste sentido. Bom lançador de tendências que é, ele já tem utilizado as ferramentas disponíveis para manter uma maior interatividade com seus fãs, como, por exemplo, lançando uma versão alternativa de “The Information” no YouTube contendo 15 videoclipes de baixo custo, feito por cineastas como Michael Gondry (“Natureza Quase Humana” e “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança”) e até por sua própria família (!!!).

O cantor revelou também que gostaria de encontrar maneiras para que o público interagisse ainda mais com seu trabalho, remixando suas canções e até jogando-as como um videogame (!!!). Para quem não sabe, a capa de “The Information” é toda branca para que se possa criar o que quiser.

Ajoelhar serve como argumento? Acho que tem gente bobeando por aqui. Enquanto os japoneses, sortudos e muitas milhas à nossa frente, preparam-se para receber a turnê do ídolo em abril, nós aqui aguardamos ansiosamente (quem?) a incrível apresentação de Roger Waters e seu (imperdível?) “The Dark Side Of The Moon”.