Monday, October 15, 2007


Bravíssimo


Há alguns posts eu escrevi sobre a enxurrada de biografias de músicos que invadem os cinemas, ano após ano. Por isso, eu nem deveria falar de mais uma delas por aqui para não me contradizer e não deixar os leitores entediados. A questão é que esta, apesar de repetir a história de gênios da arte que tiveram um passado sofrido, surpreende pela sensibilidade e comoção.

A voz e o talento da francesa Edith Piaf já eram conhecidos da platéia mundial, mas o que se pode descobrir no filme que está em cartaz desde a última sexta-feira (12), Piaf - Um hino ao Amor (Olivier Dahan), é que toda a sua vida foi pontuada por tragédias, que em momento algum conseguiram tirar o seu brilho ou fazê-la desistir de sua maior paixão: a música.

Abandonada na infância pela mãe alcoólatra, abrigada pelo bordel da avó, depois criada pelo pai que a maltratava, Piaf quase ficou cega, prostituiu-se, passou fome, viveu bêbada cantando pelas ruas de Paris, usou drogas, teve uma gravidez adolescente e apaixonou-se por um homem casado, já famosa, e morreu jovem, aos 48 anos, de câncer, reumatismo e de tristeza pela morte desse homem, o boxeador Marcel Cerdan.

No entanto, o filme começa a se diferenciar dos demais quando pincela alguns desses momentos de forma muito sutil, num gesto de respeito ao pequeno pardal (assim a chamou o primeiro empresário que a viu cantar na rua) e de homenagem à força de seu dom de cantar, que fascinava a todos por onde passava.

Incrivelmente interpretada por Marion Cotillard (Um bom ano, 2006), a protagonista fica em cena quase todo o tempo, durante as mais de duas horas de filme, e comove tamanha sua dedicação física e emocional à personagem. Marion provou estar à altura de todos os famosos que costumam interpretar grandes nomes da música no cinema. (aplausos)

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