Wednesday, January 03, 2007

Minha vida musical em 2006

É difícil fugir da tradição de querer eleger os melhores de cada ano que se encerra. Para mim, principalmente, por adorar listinhas de tudo.
Entretanto, fica sempre tudo muito parecido, porque as coisas boas costumam sofrer de unanimidade e, não acrescentaria muito qualquer coisa que eu escrevesse, sendo uma simples mortal e fã de música, contrariando ou somente concordando com os pós-graduados no assunto.
Por isso, relato abaixo algumas de minhas experiências musicais em 2006, que foram melhores que as do ano anterior e que, sob muita torcida, figas e trevos de quatro folhas, cederão espaço para que as deste promissor ano que começa sejam ainda mais satisfatórias.

Show histórico
Foram muitos os shows internacionais que neste ano me deram o prazer de estar mais próxima ao que de melhor existe mundo afora. Apesar dos ingressos caros, das filas intermináveis e de todo o trâmite - para não dizer sacanagem - que rola nos bastidores do show business, foi bom esgotar minhas cordas vocais com o U2, Franz Ferdinand, Oasis, Jamiroquai, New Order, apesar de ter perdido os Beastie Boys, o B.B. King e o The Cult. Meu melhor presente, porém, foi dado por Mick Jagger e Sir Keith Richards, nas areias de Copacabana: um show histórico, que reuniu mais de um milhão de enlouquecidos, na praia mais famosa do Brasil para ver a banda mais importante – e viva – do mundo. Sensacional.

Batucada fina
2006 também foi o ano das bandas nacionais ganharem fãs no Brasil e no mundo, como os queridinhos do Cansei de Ser Sexy, Forgotten Boys e Bonde do Rolé. Dos shows que pude assistir, o do Nação Zumbi mais uma vez não decepcionou. No som de casa ou ao vivo, Jorge du Peixe e Lucio Maia continuam liderando a melhor banda brasileira da atualidade. Chego a me emocionar todas as vezes que ouço aquela percussão extremamente sintonizada com as guitarras. Coisa muito fina!

Onde investi tempo e dinheiro
Comprei muitos vinis e CDs neste ano que passou e ainda bem que a tecnologia sempre dá uma forcinha para quem está no vermelho como eu, pois assim, pude ouvir muita coisa nova nos iTunes alheios também.
Virei o último ano ouvindo os novos álbuns de Strokes e Oasis e depois parti para Pearl Jam, Audioslave, Racounters, Franz Ferdinand, She Wants Revenge, Band Of Horses e Bob Dylan.
Mas se alguma banda puder ser comparada às bebidas que incorporam mais sabor e melhoram com o tempo, esta seria o Red Hot Chilli Peppers. É impressionante ver como o grupo da Califórnia, que nasceu há quase 20 anos do funkmetal, consegue fazer rock’n roll de qualidade, caindo no gosto popular, sem contudo perder a personalidade e a pegada rebelde. Depois dos últimos quatro anos dominados por bandas jovens, Anthony Kieds, Flea, Chad Smith e John Frusciante, brindaram sua maturidade com 28 novas músicas.
E, por fim, iniciei 2007 com o pé direito, ouvindo o novo som do Beck que, aliás deveria adotar o sobrenome “Gênio da Silva”, tamanha a sua admiração pela nossa música e sua incansável capacidade criadora.

Minha queridinha
A música que quase estourou meus tímpanos foi a “You Only Live Once”, dos Strokes. Fazia tempo que não via uma mesma banda colocar tantos hits na boca de uma mesma geração, tendo em vista as tantas opções que se tem hoje. A turma de Julio Casablancas consolidou e amadureceu seu estilo, provando e reafirmando que não veio ao mundo para ser uma banda de uma música só. Tomara que “Stead As She Goes”, dos Racounters, e “Crazy”, de Gnarls Barkley, tenham a mesma sorte que “Last Night”.

Foi bom ver
Deu orgulho ver todo mundo requebrando nas pistas de dança ao som de uma das músicas brasileiras mais legais e mais conhecidas mundialmente, “Mas Que Nada” (Jorge Ben), na mixagem do Black Eyed Peas, para a versão de Sergio Mendes. O brazuca, sempre diminuído pela crítica, até voltou aos palcos depois de três décadas.

Leitura recomendada
Reações Psicóticas, de Lester Bangs (1949-1982), reúne alguns dos melhores críticos desse que é considerado por muitos o maior crítico de rock de todos os tempos. Vale a pena pelos “causos” contados e pelo estilo de escrita que até hoje influencia gerações de jornalistas.

Onde eu dancei rock
Sábado, no Milo’s Garage, foi a opção que mais escolhi para dançar e cantarolar o meu setlist predileto. O DJ é o mais saltitante e animado que já vi em horário de expediente. O único porém é que a noite ficou tão disputada que a pequena balada lotava antes mesmo da meia-noite e deixava muita gente do lado de fora.

Um bom palco, no interior
São Paulo é o centro das grandes casas de shows que, apesar do nome que carregam, nem sempre valorizam a qualidade do som produzido pelos artistas. Já assisti a muitas apresentações prejudicadas pela estrutura do local que as abrigou. Um bom lugar para assistir shows de menor porte é o Galpão Busca Vida que, além de oferecer a saborosa pinga fabricada pela própria casa, mantém uma programação descolada e permite ao sempre interessante público presente estar bem próximo dos músicos. A menos de 100 Km da capital, na cidade de Bragança Paulista, o Busca (como é mais conhecido localmente) recebeu neste ano Nação Zumbi, Lô Borges, Arnaldo Antunes, entre outros.

No morro sem samba
Ainda é uma excelente opção de balada no Rio de Janeiro os shows do Projeto Noites Cariocas, que acontecem nos finais-de-semana, no alto do Morro da Urca.
Estive lá recentemente num show do Capital Inicial que, apesar de não mostrar novidade alguma, gostei bastante, porque o local tornou a apresentação mais vibrante, tanto pela informalidade (o local também é pequeno), quanto pela vista incrível que se tem da cidade, deixa o ambiente cheio de boas energias. Também é possível ver gente bonita e ficar um pouco distante da violência da capital carioca.

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