Tuesday, February 06, 2007

Um banquinho e um violão. Não é Tom e Vinícuis, mas é bom também.

Seguindo a minha teoria punk de que não precisamos gostar do que todas as outras pessoas estão curtindo (nem no mesmo momento em que isso está acontecendo), nesta semana tem embalado deliciosamente os meus atribulados dias um som muito agradável: Kings Of Convenience.

Sim, você vai dizer que eu estou superatrasada e que eles já vieram ao Brasil há pouco tempo, para o Tim Festival. Mas realmente eu não pretendia dar um furo de reportagem. Resgatar estilos, bandas e artistas e apreciá-los no adequado momento faz parte da minha relação com a música.

O fato é que Kings Of Convenience é a última tendência no meu mp3 player nas últimas semanas - graças à colega Gabi, que me emprestou o álbum “Riot On An Empty Street”, o quarto e último álbum lançado (2004). Com ares de bossa nova, esta dupla norueguesa produz suaves canções folk, à base de violão, às vezes acompanhado por um piano. Em todas as melodias eles cantam juntos, lembrando muito os americanos Simon & Garfunkel, dueto que ficou conhecido principalmente por "Mrs. Robinson"
, com quem são constantemente comparados pela imprensa especializada.

Na verdade, o que quase todas as bandas tentam fazer quando lançam seus discos e shows acústicos, é feito por Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe integralmente, com muita propriedade e autenticidade. Eu diria ainda que quase despretensiosamente (quase, porque ninguém faz música sem intenção alguma).

O apanhado de músicas, cuja seqüência parece ter sido escolhida propositalmente para dar a sensação de que se está ouvindo uma mesma e longa faixa, proporciona um grande alívio aos ouvidos, em meio à ‘explosão de modernidade’ em que vivemos. É claro que do ponto de vista crítico, esta característica torna-se negativa, indicando pouca versatilidade e diminuindo as possibilidades para a banda.

Toda a graça e delicadeza das faixas “Misread”, “I’d rather dance with you” e “Gold in the air of Summer” ainda está distante da magia e inspiração que eternizaram as belas canções elaboradas pela parceria entre Tom Jobim e Vinícuis de Moraes, que evoquei no início deste texto. No entanto, há nesta dupla nórdica tanto talento e sofisticação, sutilmente percebidas pelas informações eletrônicas, do jazz e de movimentos independentes, que os torna capazes de criar muito com pouco, despertando uma fiel legião de fãs. A melhor definição que eu arriscaria dizer é “leve, mas não vazio”.

Se você já ouviu e gostou, deve saber do que eu estou falando. Se nunca teve a oportunidade, garanto que o esforço para tentar ouvir algum trabalho deles será recompensado. Os outros álbuns que também vale a pena conferir são: “The Kings of Convenience” (2000), “Quiet Is the New Loud” (2001) e “Versus” (2001).

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