Tuesday, December 05, 2006

Não coloque o meu iTunes no divã*

Por favor, não tente me julgar pelo que se pode encontrar no meu iTunes. Digamos que o meu baú de música mp3 é bem eclético (tá bom, pode chamar de confuso) e atemporal.

Isso porque ‘ele’, ao mesmo tempo, agrada e desagrada aos meus amigos e colegas de trabalho (sim, onde eu trabalho, através da rede, podemos compartilhar os iTunes entre a galera que libera, é claro).

Digamos que ‘nele’ tem um pouco de tudo, que vai do rock n’roll ao rock alternativo, até o que de mais alternativo os músicos brasileiros já fizeram, na MINHA opinião, ao embalo do samba que sai do alto do morro. Portanto, se você tentar compreender a minha personalidade através de uma análise do meu gosto musical vai perder o fio da meada.

Por isso, a pretensão aqui é meramente sugerir bons sons aos ouvidos de quem é movido à música e tem sempre um fone coladinho à orelha:

*Tear You Apart – She Wants Revenge/She Wants Revenge: eu não sou a maior fã de novas bandas e demora mais ou menos até o segundo ou terceiro álbum para me convencer a ouvir o som. E foi o que aconteceu. Um amigo meu me mandou essa música em abril e agora esse som não sai do ‘My Top Rated’. É dançante, é Joy Division, Depeche Mode e Placebo num vinil só! Revival moderninho.

*Bom Senso – Tim Maia/Racional Vol 1: pode parecer que eu estou atrasada nessa moda “revival” que toma conta das baladas do eixo Rio-SP, mas não é isso não. Música boa não tem época. Essa, além de boa, é engraçada! Já se imaginou na situação do nosso amigo síndico? Doideira black music.

*Auto Pilot – Queens of The Stone Age/Rated R: É explosivo o encontro entre Joshua Home e Mark Lanegan. Ambos são donos de vozes potentes e refrões ácidos, tudo regado à muitos cigarros e álcool (em algumas músicas é até possível ouvir o acender de fósforos). A sugestão aí é repleta de rifles rasgados e coros de arrepiar. Remanescentes do grunge adulto com pitadas do veneno rock.

*The Great Salt Lake – Band of Horses/Everything All The Time: Quem não gosta de músicas bonitinhas (ou seriam melancólicas)? Sigo a teoria de que alguma vez na vida todo mundo já gostou de R.E.M, ColdPlay, Damien Rice, Ryan Adams e tantos outros... Detalhe, se para você, ser de Seatle significa coisa boa, está dada a dica. Mas lembre-se, nem tudo o que vem de lá é grunge, embora o selo desta banda de dois caras seja o Sub Pop, que lançou Nirvana, Soundgarden e cia. Acabei de descobrir os caras e, me contradizendo, aí está mais uma novidade.

*Mas, que nada – Jorge Ben/Samba Esquema Novo: Após o “disco-gênio”, que para mim é a raridade “A Tábua de Esmeralda”, esse é o mais delicioso álbum que o mestre do gingado já lançou, e essa é a música que inicia a meia-hora do mais puro samba de gafieira. Impossível não querer dançar. Impossível não arrancar um passinho do seu amigo mais mal-humorado.

*Hoje, Amanhã e Depois – Nação Zumbi/Futura: Eu nunca canso de me surpreender com a vibração que provocam todos aqueles tambores e guitarras vindas do mangue. Acho que é o último filho da tropicália, que conseguiu de um modo original misturar ritmos brasileiros e pegada rock, sem ofender os ouvidos e mostrando que Pernambuco vai muito além dos bonecos de Olinda.

*I need peace – Frank Black/Frank Black and The Catholics: Black Francis para os mais íntimos do Pixies, em sua outra banda faz rock de qualidade, sem deixar a veia altenativa de lado. Bem menos rebelde que o Pixies, talvez tenha acompanhado a maturidade do seu público dos anos 80/90.

* Warlocks - Red Hot Chilli Peppers/Stadium Arcadium: Com certeza o RHCP perdeu muito em deixar de lado a sua pulsação “funkmetal”, ao produzir som balada-comercial, que nasceu após o sucesso de “Blood Sugar Sex Magic”, com “One Hot Minute”, “Callifornication” e “By The Way”. Mas este é um dos meus quartetos fantásticos prediletos e acho que Flea e John Frusciante são músicos cada vez melhores.

* Eu sou favela – Bezerra da Silva/Box Bezerra da Silva: Ele foi o bamba, o malandro do samba. Dono de crítica feroz, fazia samba-protesto com coração, sem deixar as dificuldades da vida no morro apagar a sua alegria e o seu ritmo. Vale a pena ouvir, para saber com quantos pandeiros se faz uma reivindicação.

*Down – Pearl Jam/Lost Dogs: Assim como as demais letras da banda, sobrevivente única da onda grunge dos anos 90, esta também não faz muito sentido, porém, tem ritmo e aquele jeito particular que só Eddie Vedder tem para cantar. Ela só está presente no album duplo “Lost Dogs”, assim como tantas outras músicas lado B do quinteto de Seatle.

*Substitute – Ramones/Acid Eaters: Essa versão do The Who na voz de Joey Ramone e sua trupe é simplesmente, ou melhor, completamente perfeita!!! É um clássico no ‘My Top Rated’. Não tem jeito, não dá, não quero, não vou, não gosto... transformou um rock n’roll num punk rock desde criancinha!!



*Obs: este texto é de julho de 2006 e foi publicado pelo site www.churrascogrego.com.br. Como foi meu primeiro texto publicado neste ano, acho que não poderia ficar de fora.

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