Wednesday, March 14, 2007

Eu Também Cansei de Ser Sexy

Não que eu precise concordar com o que dizem todos os críticos, revistas e sites de música (inclusive internacionais) sobre a banda brasileira que está sacudindo os gringos mundo a fora, mas é impossível ficar indiferente a tantos elogios e matérias sobre o assunto. Dizem que toda unanimidade é burra, mas nesse caso, eu duvidei.

Jornais difíceis de agradar, como Folha de São Paulo e O Estado de S. Paulo, sempre que podem, publicam matérias relacionando a banda com os temas música eletrônica, novo fôlego do rock, moda e comportamento e até a Rolling Stone brasileira deu destaque ao Cansei de Ser Sexy em duas ou três de suas edições. Isso sem contar as reconhecidas publicações NME, The New York Times e Observer, que, literalmente, estão ‘pagando um pau’ para os nossos conterrâneos. Bom para nós também.

Para entender melhor o que é e propõe a banda, fui pesquisar. Descobri que, com a cara, coragem e alguns trocados no bolso, o CSS nasceu em 2003, quando os integrantes se uniram e produziram um som novo e totalmente independente. A princípio, as músicas ficavam restritas somente à Internet, o que por outro lado já demonstrava o sangue inovador que corria nas veias do grupo.

A banda, cujo nome foi inspirado numa declaração da musa (eca) pop Beyoncé, que no passado afirmou estar cansada de ser vista como símbolo sexual, é formada por um quinteto feminino e um solitário-santo-homem, responsável pelas pegadas na bateria, enquanto as moçoilas dividem-se nos vocais, teclado, guitarras e baixo.

Hoje, com o verdadeiro primeiro disco produzido pela TramaVirtual e que será relançado pelo atual selo da banda, o Sub Pop - que conduziu importantes bandas do grunge, como o Nirvana -, o grupo praticamente não pára no Brasil, passando a maior parte do ano em turnês pelos Estados Unidos, Europa, Ásia e Oceania, onde são muitíssimo requisitados. Uma das próximas (e mais importantes) paradas do grupo será no Coachella Festival, que todo ano agita o deserto da Califórnia e neste ano será nos dias 27 e 29 de abril. Como de praxe, grandes nomes também estarão presentes, como Björk, Interpol, Jesus and Mary Chain, Red Hot Chili Peppers, Arcade Fire, Tiesto, Sonic Youth, Rage Against the Machine, entre outros. Estão ainda na agenda da banda, outros megafestivais internacionais, como o Glastonbury, Lollapalooza e o Reading Festival.

Combinando composições moderninhas, letras irreverentes, caras e bocas da vocalista Luísa Lovefoxxx, o sexteto agrada pela simpatia, leveza e ritmo que imprimem, principalmente, no palco. Os arranjos não possuem nenhum requinte musical e sua qualidade é um tanto discutível. Mas o que encanta e impregna os ouvidos é o ar despretensioso, de quem não quer se levar muito a sério e que pouco se importa com quem não engole a banda. Com uma mistura de indie, rock de garagem, punk, bases eletrônicas e um punhado de bobagens, a banda consegue produzir um som que se difere principalmente pela atitude.

O hit atual é “Let’s make love and listen to death from above”, mas podem ser listados também “Alala”, “I wanna be your J.Lo” (sim, em homenagem à ídola da banda), “Meeting Paris Hilton”, “Out of Hook” e "Ódio, Ódio, Ódio, Sorry C.".

Segundo o site de notícias G1, Tony Kiewell, um dos responsáveis pelo setor artístico da Sub Pop, diz que a gravadora norte-americana está mais do que satisfeita com a repercussão do disco do Cansei de Ser Sexy, que só gravará um novo depois de encerrar a turnê atual. Lúcio Ribeiro, em seu iGPop, afirma que a banda já vendeu 50 mil cópias do CSS (o 1º álbum) nos Estados Unidos e na Europa.

Depois de levantar todas estas informações, foi possível entender porque a banda é tão queridinha dos críticos, dos descolados e também de gente que realmente entende de música. Só não é fácil compreender porque a banda, que nasceu no cenário ‘cool’ e ‘cult’ paulistano não emplaca em seu próprio país.

Porém, tudo leva a crer que o problema não está apenas no gosto dos fãs brasileiros e, sim, no descaso cultural e nos interesses pessoais dos maiores produtores musicais que dominam o nosso mercado hoje. Com certeza, para eles, é menos trabalhoso e mais rentável descobrir e lançar verdadeiras ‘coisas’ como NXZero, Pitty e Armandinho, que hoje monopolizam as principais rádios e a MTV. Ruim para nós também.
Conclusão final: não podemos tirar o mérito do CSS, que tem a seu favor o carisma e a força de vontade, que já bateu os 5 minutos de fama. No entanto, acho eles ainda precisam ir muito além do primeiro álbum para firmar-se como uma verdadeira e respeitada banda.

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